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Câmara de Terras de Bouro avança com requalificação do centro interpretativo do garrano

A Câmara de Terras de Bouro vai avançar com a requalificação do centro interpretativo do garrano, em Campo do Gerês, num investimento de 245 mil euros comparticipados em 85% através do Prover. A ideia é proceder à readaptação e modernização estrutural dos edifícios para acolher o apetrechamento para fins interpretativos, dotando o edifício administrativo de conteúdos multimédia, soluções tecnológicas e atividades direcionadas ao conhecimento do cavalo de raça garrana.

“Esta será uma forma de adaptar este Centro às novas exigências dos seus utilizadores e alavancar as suas potencialidades na promoção, defesa e valorização dos equinos de raça garrana, que têm no presente, como tiveram no passado, uma importância de relevante interesse patrimonial, de apoio às gentes destas Terras da Serra do Gerês, nos trabalhos, transportes e como elemento presente na paisagem e no desenvolvimento socioeconómico da região”, refere ao Terras do Homem, o presidente da Câmara de Terras de Bouro.

Manuel Tibo lembra que “na mesma zona existe um conjunto de empresas de animação turística, casas de turismo rural, centro de artesanato e centro de promoção de produtos global. A vertente do turismo centrada no conhecimento do cavalo como produto e da exibição do cavalo (feiras, exibições temáticas, eventos hípicos), e o turismo a cavalo, ou seja, a utilização do cavalo como recurso, possibilitando as práticas turísticas individuais”.

Este empreendimento, deverá servir como ponto de partida (ou chegada) de outras atividades equestres), a ser dinamizado em colaboração com a nova Associação Equestre e de Promoção do Garrano do Gerês, e servirá como polo de atração turística da região e do despoletar e alavancar, ainda mais, o Turismo Equestre.

Com a implementação deste projeto espera-se a criação de mais alguns postos de trabalho diretos, bem como vários indiretos pela maior dinamização e alavancagem das atividades equestres complementares com o alojamento de turismo rural e de alojamento local, que verão incrementado o aumento de hóspedes como o consequente aumento de negócios e a necessidade de postos de trabalho; a restauração e venda de produtos locais.

Edifícios
O centro hípico é composto por um complexo de edifícios e áreas descobertas devidamente tratadas e vedadas em todo o perímetro da exploração. O atual executivo municipal pretende em colaboração com associações do sector existentes no concelho, colocar ao serviço do turismo e da comunidade educativa este tão valioso complexo.

Pretende-se proceder a uma readaptação e modernização estrutural dos edifícios para acolher o apetrechamento para fins interpretativos, dotando o edifício administrativo de conteúdos multimédia, soluções tecnológicas e atividades direcionadas ao conhecimento do cavalo de raça garrana.

Quanto à elaboração e implementação de conteúdos multimédia a sua conceção considera quatro espaços do edifício: uma sala de espera dotada de condições técnicas que possibilitam o desenvolvimento de atividades de diferentes tipos, pelo que se pretende que, no mesmo, se concentrem atividades lúdicas direcionadas aos públicos juvenis.

Este espaço será ainda dotado de um elemento identificativo do Centro Interpretativo; Corredor utilizado para construir um friso histórico denominado “Os Milénios do Garrano”, no qual se identificarão alguns marcos históricos da presença do garrano – Paleolítico; idade do ferro; utilização pelos romanos (ligação à Geira Romana); utilização por D. Afonso Henriques; utilização pelo exército português; utilização na atividade agrícola; atualidade; sala de formação maior destinada à disponibilização de informação sobre o garrano, devendo-se abordar os temas: O garrano: a genologia do garrano; padrão da raça garrana; o solar do garrano, dados estatísticos; O garrano no seu solar: conjunto de imagens e textos que ilustram o garrano do seu solar, com destaque para o Gerês; O garrano e a sua utilização: recurso a imagens e textos que ilustram a atual utilização do garrano: turismo de montanha; atrelagem; ensino e terapia e finalmente sala de formação menor onde serão disponibilizados conteúdos multimédia, suportados em tecnologias de informação e comunicação: um sistema de disponibilização de filme sobre o garrano; televisores dotados de computador autónomo para exibição de filmes temáticos sobre cavalgar com garranos no PNPG; mesas interativas para disponibilizar conteúdos adicionais sobre esta temática e sobre o concelho.

Valorização do centro interpretativo
O município de Terras de Bouro detém um espaço de valorização do cavalo como elemento dinamizador do desenvolvimento rural integrado, o Centro Interpretativo do Garrano e Centro Equestre (construído em 2003/2004), o qual tem como objetivo a sustentabilidade económica das Terras do Alto Cávado, e funciona como um centro hípico para os cavalos da raça garrana, raça autóctone da região.

“A candidatura vai fazer uma readaptação estrutural (algumas obras nos edifícios que compõem este Centro equestre) e apetrechamento para fins interpretativos, dotando o edifício administrativo de conteúdos multimédia, soluções tecnológicas e atividades direcionadas ao conhecimento do cavalo de raça garrana”, acrescenta o autarca.

Segundo Manuel Tibo, a empreitada representa “um importante investimento num projeto com interesse para o turismo num território de baixa densidade, promovendo, deste modo, a qualificação do destino turístico através da regeneração, requalificação e reabilitação do espaço público com interesse para o turismo e da valorização do património cultural e natural do país”.

Financiamento
A sustentabilidade económica e financeira do projeto decorre, ao nível do investimento, da comparticipação financeira assegurada pelo orçamento municipal e o apoio que se pretende obter com esta candidatura, e decorrerá, tecnicamente, do normal procedimento de contratação através de concurso público que depois de cabimento através de orçamento municipal conta com uma comparticipação do NORTE2020.

Com a implementação deste projeto espera-se a criação de mais alguns postos de trabalho diretos, bem como vários indiretos pela maior dinamização e alavancagem das atividades equestres complementares com o alojamento de turismo rural e de alojamento local, que verão incrementado o aumento de hóspedes como o consequente aumento de negócios e a necessidade de postos de trabalho; a restauração e venda de produtos locais.

Para realização da obra de requalificação do equipamento existente e instalação dos conteúdos multimédia no edifício administrativo, o município, considerando a necessidade de lançar dois procedimentos concursais, um relativo à obra de construção civil, outro de prestação de serviços, atenta a magnitude das respetivas obras e serviços a prestar.

Ao nível da execução de obra serão necessárias a obtenção e acompanhamento do cumprimento dos licenciamentos e emissão de pareceres; lançamento de procedimentos de contratação pública para a execução; acompanhamento e fiscalização da execução da empreitada segundo as normas de qualidade de execução e normas de higiene e segurança.

A importância do Cavalo
O Cavalo ao longo da história desempenha um papel importante na economia, na cultura e na sociedade em Portugal. Seja como força motriz de trabalho, transporte ou fonte de alimentação, o cavalo ocupa desde o período quaternário um lugar de destaque.

Reflexo da forte ligação de Portugal ao mundo equestre, verifica-se a existência de 3 raças autóctones, que ao longo dos tempos foram preservadas e apuradas: o Lusitano, o Sorraia e o Garrano.

O clima ameno, a paisagem e a orografia diversificadas, o acolhimento das populações, a qualificação de recursos humanos e a segurança, desempenhando uma dinâmica chave para a formatação do produto e a afirmação de Portugal como um destino de excelência de Turismo Equestre.

Pelos marcos miliários da Jeira – Gerês desfilava, há séculos, a cavalaria romana montando o Garrano, aturador, resistente, sofredor, sóbrio e dócil. Segundo a ANCRG – Associação nacional dos Criadores de Raça Garrana, o Garrano representa uma das três raças de cavalos autóctones da Península Ibérica. Originário da fauna glaciar Paleolítica e representante do cavalo do tipo Celta das regiões montanhosas do Nordeste Ibérico vivendo atualmente em estado semisselvagem.

O cavalo Garrano foi domesticado há vários séculos e estava integrado na vida rural do sistema agrícola de minifúndio no noroeste português, e também, utilizado para o transporte nas feiras, festas e romarias.
A mecanização da agricultura provocou o desinteresse dos criadores e o retorno dos animais para as zonas de montanha em regime livre. Nas primeiras décadas do século passado, com a submissão das serras portuguesas ao regime florestal, o Garrano quase desapareceu.

Nos anos quarente do passado século, o governo português pôs em marcha uma operação para recuperar o Garrano, um cavalo de monte existente no norte do país, principalmente no PNPG – Parque Nacional da Peneda- Gerês. Este cavalo, que alguns autores denominam cavalo Celta, forma parte dum grupo de origem primitiva que se estendem por todo o Atlântico e o norte da Europa.

Este cavalo português já era conhecido como Garrano Galaciano, e fora descrito por Silvestre Bernardo Lima (1872) no Recenseamento Geral dos Gados como a raça “lusogaliciana”, um exemplo mais do património natural comum galego-português.

Em 1994, o Serviço Nacional Coudélico define o padrão da Raça Garrana e inicia-se o Registo Zootécnico. O Registo Zootécnico permitiu realizar a caracterização zootécnica e determinar o seu efetivo e a sua área de dispersão.

Dois mil garranos registados
Atualmente, estão registados cerca de dois mil indivíduos – 1500 adultos e 500 poldros – dispersos por dezassete concelhos nas províncias do Minho e Trás-os-Montes. Recentemente, o Instituto Superior Politécnico de Viana de Castelo em parceria com um conjunto de entidades da região editou o livro “Quatro Batidas – o Património Garrano”, formalizando a candidatura da raça Garrana a «Património Nacional», considerado como um vetor de desenvolvimento rural da região.

Ao longo dos tempos, e apesar de ser um cavalo muito antigo, o Garrano tem conservado a sua morfologia. Segundo alguns autores, o Garrano encontrará fortes raízes no cavalo de tipo Árabe, devido ao perfil reto da cabeça observado em alguns exemplares, tendo a sua expansão acompanhado as invasões bárbaras.

Os criadores da zona garantem que o Garrano existe na Península Ibérica desde o Paleolítico, aí se conservando até hoje, sobrevivendo às mudanças glaciares e à predação natural da montanha.

O Garrano atual não se distanciou muito dos seus antepassados pré-históricos, tanto genética como morfologicamente. Para tal – dizem – terá contribuído certamente o isolamento das suas regiões de criação, bem como a forma de criação em liberdade, desde sempre utilizada, e que lhes permitiu, através da selecção natural, manter características de excecional adaptação ao habitat montanhoso, sendo animais semisselvagens, pequenos, rústicos e vigorosos.

Nos locais onde podem ser encontrados os exemplares mais puros (regiões montanhosas do Gerês, Alto Minho, Trás-os-Montes e Galiza), criados em regime de liberdade e num estado semisselvagem, verifica-se uma perfeita concordância da sua morfologia com a caracterização da raça. A criação de Garranos é uma atividade com tradição no Minho e em Trás-os-Montes que complementa outros aproveitamentos agrícolas, florestais e pecuários.

Produto Estratégico
O projeto âncora PA8. AÇÕES DE QUALIFICAÇÃO DOS PRODUTOS TURÍSTICOS ESTRATÉGICOS DO MINHO – Turismo Natureza / Náutico prevê o apoio à realização de um conjunto de investimentos da iniciativa dos Municípios tendo em vista a estruturação e a qualificação deste Produto Turístico Estratégico do Minho que contribuirão para o reforço da sustentabilidade do investimento.
Por outro lado, do ponto de vista da sustentabilidade após a realização do investimento que os bens do Património cultural requalificados proporcionam novas oportunidades de negócio e de atratividade turística suscetíveis de serem aproveitadas por uma nova geração de empresários turísticos, que trazem novos padrões de qualidade de serviços, designadamente ao nível da animação turística.
São empresários que apostam na oferta de alojamento, restauração e bebidas ou animação turística, algumas das vezes combinando mais do que uma área de negócio. Esta nova geração revela, ainda, uma grande abertura para o trabalho em rede com outros empresários locais ou mesmo de outras localidades, e tendem a diversificar a sua atividade de modo a combater a sazonalidade e assegurar mais fontes de rendimento, com isso melhorando a viabilidade dos seus negócios.

Protocolo
O Município de Terras de Bouro, no dealbar do seculo XXI celebrou em 22 de Março de 2004 um Protocolo de Colaboração com o ICN/PNPG e a ACERG (Associação de Criadores de Equinos de Raça Garrana) que, nos termos da cláusula primeira, visava a construção de um Centro Interpretativo do Garrano a edificar na freguesia de Covide, tendo como objetivos, nos termos da cláusula segunda do referido protocolo, “criar atividades turísticas e educativas, designadamente, Turismo Equestre, passeios pedestres, passeios de BTT, formação nas áreas equestre e ambiental, bem como disponibilizar uma série de meios de informação sobre o Garrano, o seu Habitat e as suas características etnográficas”.
A realização deste projeto com a sua integração em espaços naturais (Parque Nacional da Peneda-Gerês e Rede Natura 2000) e a grande capacidade hoteleira instalada, incluindo várias unidades de elevada qualidade na modalidade de turismo em espaço rural, contribuem para consolidar o sector do Turismo, vem incrementar ainda mais esta zona para onde confluem muitos visitantes do concelho e concelho vizinho (Vila Verde), turistas nacionais e internacionais que ficam alojados na sede do concelho.
Esta operação contribuirá para o objetivo de promover a contínua valorização do destino Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), através da qualificação, inovação, inclusão e divulgação da oferta existente no contexto do turismo de natureza, visando reforçar a atratividade do único Parque Nacional do país enquanto destino competitivo para a prática de atividades turísticas e desportivas na natureza, sobretudo no contexto dos percursos e rotas pedonais e equestres.
Neste contexto, é estratégico o aproveitamento das infraestruturas e equipamentos públicos e privados existentes, ligados à história e à cultura são fundamentais para a dinâmica das atividades turística e económica, de forma a potenciar o sector do turismo em todas as vertentes: turismo de natureza, turismo termal, turismo religioso, turismo cultural e histórico, e em especial o Turismo Equestre que esta candidatura pretende alavancar o desenvolvimento económico do concelho, a dinamização e divulgação dos polos ou locais de atração turística e destes equipamentos municipais. Este desenvolvimento irá também fortalecer a coesão territorial pelo reforço das infraestruturas de mobilidade, apoio social, desporto, transportes e comunicações e aumentar a conectividade territorial e a valorização equilibrada do território.
Pretende-se, ainda, reforçar o número de visitantes da sede do concelho através da fixação temporária de muitos dos visitantes e turistas que ao deslocarem-se para as outras paragens do concelho, nomeadamente Campo do Gerês e sua albufeira de Vilarinho das Furnas, santuário de São Bento da Porta Aberta; albufeira e centro náutico da Caniçada e Vila termal do Gerês efetuam uma paragem nesta zona.

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