Minho

Marina Simões Galvanese vence Prémio Victor de Sá de História Contemporânea 2021

O Conselho Cultural da Universidade do Minho acaba de distinguir Marina Simões Galvanese com o Prémio Victor de Sá de História Contemporânea 2021, o maior galardão do país para jovens investigadores desta área. A laureada concorreu com a obra “‘Os sentidos da emigração portuguesa: discursos, diplomas e políticas entre Portugal e Brasil (1835-1914)”. Foi ainda atribuída uma menção honrosa a Fábio Alexandre Faria, pela obra “‘Refugiados espanhóis em Portugal: entre a repressão policial e a solidariedade popular (1936-1945)”.

A concurso estavam várias obras, na sua maioria teses de doutoramento, numa edição muito participada, como aliás já se tornou um hábito, o que demonstra quer o prestígio alcançado quer a vitalidade da historiografia portuguesa contemporânea.

A vencedora confessou “a grande felicidade” com que recebeu a notícia. “O prémio é, sem dúvida, o reconhecimento de anos de trabalho e investigação sobre as políticas portuguesas de emigração”, frisou a vencedora da edição deste ano que explicou que a sua tese, cujo fio condutor são as leis e portarias relativas à emigração publicadas durante a Monarquia Constitucional Portuguesa, “procurou compreender os sentidos dessas leis, os fatores que levaram os políticos de então a elaborá-las e aprová-las”.

Marina Galvanese frisou que, partindo de uma abordagem transnacional, “a investigação considerou não apenas os limites do Estado nacional português, mas também o que se passava do outro lado do Atlântico, no principal destino dos emigrantes portugueses. Essa abordagem elucidou a substância do discurso sobre a “escravatura branca” e as razões da perenidade de uma expressão que denotava a indignação da elite política portuguesa da época com a perda do status dos lusitanos no Brasil”. A autora espera agora que o seu trabalho “contribua para aprofundar o entendimento das complexas relações entre Portugal e Brasil num momento em que o país celebra o bicentenário da sua independência”.

Marina Simões Galvanese concluiu em 2021 o doutoramento em História Social pela Universidade de São Paulo, sob orientação do professor Francisco Carlos Palomaes Martinho. É mestre em História Contemporânea pela Unversidade de Coimbra e licenciou-se em História pela Universidade de São Paulo. Foi investigadora júnior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e trabalha sobre as políticas de emigração portuguesas nos séculos XIX e XX e sobre a inserção de imigrantes portugueses no Brasil no século XIX.

Por seu lado, Fábio Alexandre Faria, manifestou ter recebido a notícia “com grande alegria”, revelando sentir-se “muito honrado tendo em conta o prestígio e reconhecimento do Prémio”. Admitindo que a nível pessoal este é um prémio gratificante, Fábio Faria explicou que a obra que foi galardoada com a menção honrosa foi resultado da tese de doutoramento defendida no ano passado no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, onde procurou “abordar a Guerra civil espanhola ao nível da presença dos refugiados espanhóis em Portugal.

O seu trabalho teve como ponto de vista a repressão policial do regime salazarista aos refugiados espanhóis e à população portuguesa que lhes prestou auxílio. O doutorado em História Moderna e Contemporânea – Defesa e Relações Internacionais pelo ISCTE desde 2021, já venceu o prémio Mário Soares – Fundação EDP 2021. É atualmente investigador associado no CIES – Instituto Universitário de Lisboa no projeto Colaborações internacionais: criminalidade e cooperação policial no Atlântico Ibero-Americano, c. 1870-1940. É mestre em História Moderna e Contemporânea – Relações Internacionais pelo ISCTE-IUL desde 2015 e é autor de diversos artigos que incidem sobre o liberalismo, os refugiados espanhóis e a Guerra Civil de Espanha.

Três décadas de Prémio
O júri da 30ª edição do Prémio Victor de Sá foi presidido pela professora Fátima Moura Ferreira e contou como vogais com os professores António Pires Ventura (Universidade de Lisboa) e Miguel Bandeira Jerónimo (Universidade de Coimbra). O vencedor recebe 3500 euros e a menção honrosa tem o valor de 500 euros.

Este galardão nasceu em 1991 com base numa doação do historiador e humanista Victor de Sá, foi reconhecido como sendo de manifesto interesse cultural pela Secretaria de Estado da Cultura e é também apoiado por mecenas públicos e privados. Em edições anteriores foram laureados com o Prémio vários investigadores que são hoje uma referência, como Fernanda Rollo, Miguel Cardina e Cláudia Ninhos. Mais informações em www.conselhocultural.uminho.pt.

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