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“É urgente a intervenção na cobertura da antiga Hospedaria do Mosteiro de Rendufe”

A Associação Cultural dos Amigos do Mosteiro de Rendufe foi criada há cinco anos com o objectivo de defender e promover o património histórico/cultural que o Mosteiro encerra.

A Assembleia Geral para prestar contas por mais um ano, marcada para o passado mês de março, foi adiada para uma data posterior por causa da actual pandemia que se vive no país. No entanto, isso não impediu que, ao Jornal ‘Terras do Homem’, o presidente da Associação, José Rodrigues Antunes, fizesse um balanço do trabalho, das iniciativas e das reivindicações.

“Como entidade coletiva que é, a Associação tem o seu normal funcionamento colegial, reúne a Direção, reúne o Conselho Fiscal e a Assembleia Geral que esteve agendada para o passado dia 20 de março, mas foi adiada por força da pandemia que está a afetar a vida de todos nós. Logo que as condições o permitam, encetaremos os devidos contactos com o Senhor Presidente da Mesa para o seu reagendamento”.

A Associação quer que o Mosteiro de Rendufe seja um dos centros de atração turística do concelho e por isso, “todas as iniciativas que promovemos, no decorrer dos cinco anos de atividade, têm sempre como propósito a defesa e promoção do património histórico/cultural do Mosteiro”.

José Antunes não tem problemas em afirmar que “são reconhecidas publicamente as ações levadas a efeito pela ACAMR em prol da promoção e divulgação do Mosteiro de Santo André de Rendufe” e dá alguns exemplos: “a audiência que a Comissão de Cultura da Assembleia da República nos concedeu no Palácio de Belém e foi transmitida em direto pelo canal de televisão do Parlamento, a audiência do Dr. Castro Mendes, então Ministro da Cultura no Palácio da Ajuda, as participações no programa de José Candeias na Antena 1, as caminhadas que partem e terminam sempre no Largo do Mosteiro, a iniciativa “Teatro no Mosteiro” e muitas outras”.

Trabalho com frutos

O trabalho que está a ser desenvolvido começa a dar frutos como prova a adesão “em crescendo” das pessoas às actividades promovidas pela Associação. “Há uma adesão em crescendo às iniciativas da Associação, da Direção Regional da Cultura-Norte, do Município de Amares e da Unidade Pastoral de Barreiros, Bico, Lago e Rendufe por parte das pessoas que, assim, tomam conhecimento do património que o Mosteiro incorpora”.

Mas as coisas poderiam ser melhores: “gostaríamos que fossem mais, designadamente rendufenses, a empenharem-se neste importante designo que é a recuperação, requalificação e valorização desta jóia do património nacional”.

Mais obras são necessárias

Não custa reconhecer que um dos grandes desideratos da Associação sempre foi a recuperação de todo o conjunto arquitectónico que compõe o Mosteiro: a igreja e toda a ala conventual. E se em Agosto passado as obras na igreja arrancaram, “ficamos profundamente satisfeitos quando vimos entrar os camiões com os andaimes para iniciar a montagem e posterior início da obra”, a verdade é que são precisas mais obras.

“Permita-me recordar a nossa primeira reunião com o Senhor Diretor da DRC-N, Doutor António Ponte, em Vila Real, no mês de janeiro de 2015, onde solicitamos como primeira prioridade a intervenção nas coberturas da Igreja e da antiga Hospedaria. Referimos, na altura, que a prioridade seria a salvaguarda da riquíssima arte sacra existente na Igreja.
Com estas obras, pensamos que a Igreja ficará defendida por muitos anos. Contudo para o seu interior reclamamos obras a nível de paredes, reforço de iluminação e aquecimento”, recorda José Antunes.

Mas há mais reclamações: “não desistimos de reclamar a urgente intervenção, designadamente na estabilização das paredes e substituição da cobertura da antiga Hospedaria. Assim como não descansaremos até que o conjunto monumental esteja recuperado”.

Ponto da situação das obras

Com a inclusão, por parte do governo, do Mosteiro beneditino de Amares no programa Revive, “ainda recentemente os responsáveis pela administração deste Património do Estado responderam à Associação de que a ‘intervenção na antiga Hospedaria é da responsabilidade do REVIVE’, José Antunes desconhece mais pormenores sobre o processo.

“O Governo e a Arquidiocese de Braga têm vindo a dialogar sobre as áreas cedidas para usufruto da Igreja Católica, designadamente o espaço que serviu de residência ao Senhor Padre e o terreno para passal. Não conhecemos o desenvolvimento do processo. Sabemos é que enquanto esse dossier não estiver fechado não haverá concurso publico para a exploração dos edifícios”.

Contra a concessão a privados

Um dos grandes pontos de discórdia entre a Associação e as entidades públicas, nomeadamente a Câmara Municipal de Amares é o destino a dar ao edifício. O presidente da Associação diz que gostaria de “ver o Mosteiro recuperado e requalificado para fins culturais e não destinado a uma unidade hoteleira, como afirma o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Amares. Mas a Associação não possui os meios financeiros para se candidatar à concessão. Pelo que o importante é a recuperação e defesa do conjunto monumental”.

José Antunes aponta outros caminhos que poderiam ser seguidos. “Tivemos oportunidade de ouvir vários especialistas que avançaram com algumas ideias que a Associação assume como suas. A rica história do Mosteiro no ensino da música, poderia ser impulsionadora de uma Escola Superior de Música; um Museu/Escola de recuperação de Órgãos; uma sala para eventos diversos. E porque não uma estalagem para os viageiros, desde que a preços acessíveis aos mais jovens?”.

Próximas actividades

A Associação Cultural dos Amigos do Mosteiro de Rendufe tem o Plano de Atividades para 2020 aprovado em setembro passado. A verdade é que a pandemia que o país atravessa obrigou a cancelar a Assembleia Geral de Associados; a Caminhada Cultural I pela Geira Romana; o assinalar do dia mundial dos monumentos e sítios e a Caminhada Cultural II.
“Queremos acreditar que a situação normalizará e para julho temos previsto realizar o festival de teatro no Mosteiro, para setembro uma noite de música e em outubro a Caminhada Cultural III”, revela José Rodrigues Antunes.

Mas de uma coisa a população pode estar certa: “manteremos a nossa principal atividade, junto dos decisores, para que o nosso nobre objetivo seja concretizado: a recuperação, requalificação e valorização desta jóia do património cultural português”.

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