Voluntariado dos alunos de Amares passa a ficar registado num passaporte
Um passaporte do voluntariado foi, hoje, apresentado na Escola Secundária de Amares, no dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, e passa a atestar o percurso “de entrega aos outros” dos alunos amarenses. Dinamizado pelo responsável pelo Clube de Voluntariado da escola, Bernardino Silva, o passaporte, idealizado por um aluno, era para ter sido apresentado em 2019, mas a pandemia adiou o projeto.
A sessão presidida pela diretora do Agrupamento de Escolas, Flora Monteiro, contou com a presença do presidente da câmara, Manuel Moreira, do diretor regional do IPDJ, Vitor Dias, e de dois deputados na Assembleia da República, Pompeu Martins e Gilberto Anjos.
“Num dia simbólico como o de hoje, estamos a lançar um projeto pronto desde 2019, idealizado por um agora ex-aluno e que irá permitir ao seu portador obter carimbos pelos locais por onde for passando em regime de voluntário”, explicou Bernardino Silva.
Nesta altura, estão envolvidos 247 alunos em todos os projetos de voluntariado da escola, que passam pela rádio, fotografia, banco alimentar e de vestuário, arte ou relações socias, por exemplo. Segundo explicou Bernardino Silva, os alunos manifestam a intenção de possuir o passaporte através de um formulário onde revelam os seus interesses, razões para o voluntariado e respetivas autorizações parentais e depois “uma equipa, também, de voluntários, vai decidir a atribuição do passaporte”.
O número um ficou para Bernardino Silva. A validade do passaporte é até ao 12º ano, “altura em que os alunos finalizam os seus estudos”. O passaporte tem um custo de cinco euros, sendo que metade do valor é para o clube de solidariedade e voluntariado e o restante para a ‘Missão Amares’.
Missão Amares
O projeto com mais visibilidade social é desenvolvido em Moçambique junto de zonas carenciadas de Maputo e Chibuto e já mobilizou 22 alunos em regime de voluntariado. “O projeto não poderia ser só juntar dinheiro ou construir um legado teríamos que ir mais longe”, disse Bernardino Silva acrescentando que “desde 2018, já contribuímos para a construção de três blocos correspondentes a seis salas de aulas” e num raio de 18 quilómetros passaram a haver duas escolas secundários e foram criadas duas escolas técnicas”.
Em breve, uma delegação de Chibuto vem a Amares para se continuar a trabalhar na formalização de um protocolo de geminação entre a cidade moçambicana e o concelho de Amares”.
Projeto pioneiro
Para a diretora do Agrupamento de Escolas, “hoje é um dia histórico para a nossa escola e, se calhar, para o país”, com a apresentação deste passaporte integrado num projeto de voluntariado que “passa pela arte, música, fotografia, relações sociais”.
Segundo Flora Monteiro, “não sei se os alunos aqui presentes têm a noção da responsabilidade desta cerimónia que espero a guardem para sempre” considerando, ainda, que “a escola é ímpar ao nível da solidariedade e voluntariado”.
Dando como exemplo o banco alimentar e do vestuário, Flora Monteiro, salientou o papel da escola “na ajuda às famílias que passam dificuldade porque nós estamos aqui para aquilo que for preciso”.
Por isso, o passaporte “regista as ‘viagens’ solidárias que fazemos em prol dos outros reconhecendo quem faz bem de forma desinteressada”.
O presidente da câmara, Manuel Moreira, salientou a “importância da transmissão de valores que têm que estar enraizados em nós e há poucas escolas que façam isso, e aqui em Amares isso é feito”. O autarca lembrou as dificuldades que a Covid e a guerra trouxeram e “algumas delas sentimo-nos impotentes para as resolver”.