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Projeto educativo ‘Pergunta ao Tempo’ transforma-se em ‘Cápsula do Tempo’ em Guimarães

O projeto educativo que reúne desde 2016, a cada ano letivo, todos os alunos das turmas do 4º ano do concelho de Guimarães, reinventou-se em tempos de pandemia para evitar o encerramento precoce da sua 4ª edição, que se aproximava da fase final.

E assim, os resultados dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do Pergunta ao Tempo transformam-se na Cápsula do Tempo que irá permanecer abrigada na Casa da Memória de Guimarães até à chegada do momento que a dará a conhecer e explorar, com os testemunhos partilhados pelos alunos, em variados formatos, durante a pandemia que atravessamos.

Fruto deste tempo interrompido, o projeto Pergunta ao Tempo não quis deixar fugir o que o tempo (de agora) tem para dar e desafiou todos os alunos do quarto ano do ensino básico dos 14 agrupamentos escolares de Guimarães – que investigavam até então as histórias guardadas no tempo – para que refletissem sobre o tempo que estão a viver nos dias que atravessamos, envoltos no contexto da presente pandemia.

Assim, ao invés de colocarem questões ao tempo e as interpretarem – procedimento habitual no Pergunta ao Tempo – as crianças são colocadas no centro da ação e passam a ser elas a contar ao tempo, partilhando testemunhos sobre o período que atravessamos, que dita um distanciamento físico que é também, inevitavelmente, um afastamento das rotinas, mas também das relações que tínhamos estabelecidas.

E deste modo tem origem a Cápsula do Tempo, concretizando a sugestão do serviço de Educação e Mediação Cultural d’A Oficina para que sejam elas, as crianças, a contar ao tempo.

Na impossibilidade de apresentar e expor os aguardados resultados da 4ª edição do Pergunta ao Tempo – projeto de investigação e artístico, em comunidade – em que se envolveram ao longo do ano letivo, surge assim uma oportunidade para inverter um pouco a ordem das coisas e colocar os alunos no centro das histórias, ocupando eles próprios o lugar de contadores e fazedores das histórias que se estão a criar nestes dias de adversidade e adaptação, convocando-os para partilhar os seus testemunhos, de forma livre, incidindo em aspetos como as coisas de que tinham mais saudades, que dificuldades sentiam, como decorria o relacionamento com os pais, entre outros.

Testemunhos individuais que a Cápsula do Tempo preservará temporariamente cerrados e que constituirão um testemunho público e coletivo que viajará no tempo, sendo uma peça de comunidade e para a comunidade, que deixará um pequeno contributo para a nossa história… global.

Esta Cápsula do Tempo será preservada na sala de acolhimento da Casa da Memória de Guimarães, onde permanecerá em exposição e se cruzará com todos os visitantes da Casa.

Haverá o tempo em que se voltará a abrir esta cápsula e analisar o seu conteúdo. Aí deverão ser percebidas, com o distanciamento do tempo, em perspetiva, todas as dúvidas, receios, dificuldades, ansiedades e desafios dos tempos que vivemos à escala planetária. Talvez nos vejamos de uma outra forma e que tal nos lance numa renovada espiral de inspiração.

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